E assim a vida corre. Ora transborda de alegrias, ora se torna lenta cheirando a mágoa.
Sempre acreditei que cada dia que vivia significava construir alguma coisa, aprender, ser melhor. Mas a verdade é que nem sempre conseguimos que nos vejam como realmente somos, e exigem mais do que alguma vez deram, ou sequer possuem.
É incrível perceber como as relações se dissipam com palavras, ou sem elas. Por muito cheia ou não que a vida esteja o importante é possui-la, partilha-la, olha-la de vez em quando. Tenho consciência onde falhei, rejo-me nos defeitos dos outros, mas sobretudo evoluo com isso. Cresço, com o bom e o mau. Continuo em frente sem nunca deixar nada para traz. Na viagem, por muito pouca que seja a bagagem e a companhia, são as únicas coisas que nos acompanham.
É sempre bom acreditar que nos podemos transformar em qualquer coisa diferente, ter a capacidade de acreditar na mudança é óptimo. Mas para essa mudança existir e ser positiva é preciso nunca esquecer os erros. Olhar no espelho e ver o reflexo, o próprio e o dos que nos rodeiam, e sabem que o brilho não acorda todas as manhas nos meus olhos.
É assim que me revejo. Nas loucas noites em que danço com as minhas amigas musicas parvas, nas noites infinitas de trabalho em que as criticas nem sempre são bem-vindas, mas as discussões produtivas, no domingo depois de almoço em que corro para entrar na faculdade a horas, mas não consigo descolar do filme pateta que esta a dar na tv, porque simplesmente estamos todos à mesa em família à conversa afinal, de conduzir de madrugada e imaginar a vida dos poucos que por mim se cruzam, de ter medo e trancar as portas do carro, de chegar a casa e viajar nos livros, na musica, nas fotografias por tudo aquilo que me deixa feliz.
O que não faz efectivamente parte do meu dia, é tudo aquilo em que acreditei, por o que lutei algum tempo, que sofri por perder, e que agora é apenas mofo, uma parte de vida da qual desisti ou desistiram por mim.

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