Quando o dia parecia ter acabado, reparaste numa silhueta familiar, e sorriste antes de sequer a identificar.
| Algo lhe dizia que era bom |
No instante seguinte pensou que há pessoas que continuam a valer a pena, e que existem olhos perdidos no escuro que ainda brilham quando dizem a sua verdade.
Depois da vontade de voltar a abraçar alguém já desejado longe, ela percebeu que o tempo fora seu conselheiro, independentemente de por ela ter passado sem trazer respostas.
Contrariamente ao esperado, a saudade de desdobrar o sentimento, que o tempo foi dobrando em pedacinhos cada vez mais pequenos num recanto qualquer da memória, invadiu-a, fazendo-lhe parecer com existência autónoma de si mesma. A mensagem não tinha um único vinco e haviam coisas que ainda faziam o seu sentido.
| Estapafúrdia esta ideia de acreditar que duas pessoas podem errar ao mesmo tempo, e ao mesmo tempo também, efectuarem uma meã culpa em segredo e no entretanto se (re) encontrarem? |
Num cruzamento fechado ela parou para pensar, questionando-se se tudo o que lhe passava pela cabeça era realidade, ou meramente um reflexo daquilo que a sua memória ainda conservava.
Recordou novamente o primeiro segundo encontro. Tinha sido ela que com o seu sétimo sentido se fez notar e foi ele que quis por ela ser levado, induzindo-lhe a sua mão.
Uns metros trocados e duas frases à frente ficou apenas o melhor de ambos.
| Traria consigo essa noite alguma consciência ou representava apenas o desejo reprimido pela distância |
Ele esperou por ela no vazio do fim do dia, ela desceu as escadas, degrau a degrau, num compasso de espera em sintonia com o oculto desejo da troca de olhares marcado sem compromisso.
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